Matéria exclusiva conta o triste fim do garoto Arthur. Veja imagens.
Sete dias de desespero, angustias e tristeza. Um crime que comoveu toda a Paraíba e mobilizou a população do município de Dona Inês no Curimataú do estado.
O Pequenino Arthur, 7 anos foi seqüestrado e morto por um homem que é conhecido como “Júnior” mas que bem poderia ser qualificado como “monstro”.
O Nordeste1 conta a história que chocou a região e resume os fatos do caso que pode ser considerado a maior barbaridade já vista em Dona Inês.
O desaparecimento
De acordo com as informações apuradas junto a Polícia Militar, familiares e populares, por volta do meio dia da sexta-feira (6/5) o indivíduo Júlio Pereira da Silva, de cerca de 30 anos teria sido visto por testemunhas com o garoto Arthur da Silva Braz de 7 anos de idade, ambos montados em um jumento indo buscar lenha na zona rural do município de Dona Inês - PB, nas proximidades de um lixão. Mais tarde Júlio, também conhecido também como “Júnior”, teria voltado da mata sem a criança.
Segundo sua esposa, Ana Lúcia, Júlio teria criado intimidade com o garoto lhe oferecendo frutas no intuito de convencê-la a ir para a mata. Ao regressar sozinho, Ana Lúcia teria perguntado pela criança e Júnior teria respondido grosseiramente: “Caralho de criança!”.
Informações de populares dão conta que Arthur teria delatado Júlio na ocasião de um furto de um galo, o que teria motivado a aproximação do acusado com a criança para matá-la. Há boatos que Júlio teria dito que o garoto era um “X9”, ou seja, tipo de pessoa que delata ou entrega as outras.
A partir desse dia a criança não foi mais vista pelos familiares e amigos.
A operação de busca, o acusado e as suspeitas
Por conta do desaparecimento do menor, a Polícia foi acionada e a partir daí começou uma grande operação de busca por Arthur, que é chamado também de “Victor”. Sendo o principal suspeito do sumiço, e com a Polícia avisada, Júlio evadiu-se com destino ignorado pela zona rural do município de Dona Inês. Por vezes era visto no meio da mata pelos Policiais, porém, sempre conseguia fugir da abordagem.
Segundo o que disseram as testemunhas, Júlio teria estuprado o garoto antes de matá-lo, apenas o laudo pericial pode confirmar ou não essa informação. Suspeitava-se que o acusado após cometer o assassinato tinha jogado o corpo dentro de algum açude, ou enterrado o mesmo na região na qual foi visto durante as investidas policiais.
Uma das informações prestada pela Polícia dá conta de que Júlio ou “Júnior” era foragido do presídio de Guarabira - PB a cerca de dois anos, após ter infringido o sistema de albergue ao qual estava submetido.
Já no domingo (8), dezenas de pessoas a pé e de moto se juntaram a PM na procura pelo garoto e pelo acusado na zona rural de Dona Inês numa região conhecida como Chã. Algumas das pessoas estavam revoltadas e armadas de paus na expectativa de encontrarem Júlio e lincharem-no por vingança, visto que para muitos não restavam dúvidas de que o crime teria sido cometido de fato.
A operação de busca da PM, tanto à criança quanto ao acusado, foi comandada pelo Capitão Silva Ferreira, que insistiu na procura por 72 horas seguidas. O mesmo já havia ordenado aos seus comandados que ficassem de prontidão nos locais onde o Júlio pudesse ir pedir ajuda.
Por volta das 4h da segunda-feira (9), populares conseguiram pegar o suspeito no Sítio Cabloco. Eles informaram que Júlio estava de posse de um pedaço de pau e que teria clamado para não ser morto. De imediato a Polícia foi acionada chegando rapidamente ao local e evitando o linchamento. Em seguida o acusado foi levado para uma localidade fora dos limites da cidade conhecida como “Binlinguin” zona rural de Tacima.
Na oportunidade a equipe de reportagem do Nordeste1 e da Rádio Rural entrevistaram Júlio Pereira da Silva. O acusado estava sujo, com vários arranhões pelo corpo. Ele disse ter passado esses dias e noites comendo milho verde para sobreviver e negou veementemente a autoria do desaparecimento da criança, a suposta morte e onde estaria o corpo. Julio disse ainda que todos estavam mentindo e que ele teria visto o garoto apenas de longe – “Eu estava no lixão quando vi ele (Vitor) passar com alguns burros, mas nem falei com ele”. Afirmou o suspeito.
Questionado sobre o por quê de ter fugido da Polícia, ele alegou que tinha receio de ser pego devido a ter quebrado o sistema de prisão domiciliar ao qual estava submetido.
Em conversa com a nossa equipe, o Capitão Silva Ferreira afirmou estar impressionado com a habilidade de fuga do acusado:
- Ele é muito sagaz. Ficava escondido, imóvel, agachado no meio do mato, com as mãos no rosto. Quando percebíamos, ele saltava e corria desenfreado pelo mato! Frisou Silva Ferreira.
Após a captura do suspeito, buscas foram feitas no Sítio Munlugu, também no município de Dona Inês, e nas proximidades do lixão da cidade, onde o indivíduo tinha sido avistado com a criança, e provável lugar do crime.
Gritando palavras de ordem e pedindo por justiça, uma multidão de cerca de 150 pessoas, algumas delas ainda armadas com pedaços de pau, acompanharam as buscas realizadas pela PM. Elas entraram em mata fechada, atravessaram riachos e chegaram a encontrar pegadas na beira de um pequeno açude, onde alguns populares adentraram e verificaram se encontravam o corpo do garoto, porém sem êxito.
A vítima e a família
Arthur era criado pela tia materna, Margarida Paulino da Silva, de 25 anos. Durante as buscas ela dizia estar profundamente transtornada com o acontecimento, e já acreditava na hipótese da morte do garoto.
Já a mãe biológica da criança, Santana Paulino, estava em São Paulo e chegou recentemente à cidade de Dona Inês. Emocionada ela disse que ainda não tinha tido a oportunidade de conversar o filho após a chegada. Em entrevista em meio a dor, ela clamou por justiça, e que o acusado informasse onde estava o corpo do garoto.
Os envolvidos foram ouvidos pelo delegado Ricardo Senna.
As buscas pelo garoto ou pelo corpo continuaram
A população da cidade chegou a espalhar fotos do garoto em postes na tentativa de conseguir notícias do paradeiro de Arthur.
Mais 70 Policiais, entre eles Bombeiros, juntaram-se à operação.
Diversas pistas encontradas, muitas levaram a alarmes falsos. Porém, uma delas foi importante. As sandálias do garoto e uma camisa manchada de sangue durante as investigações foram identificadas pela Polícia.
Revolta
Toda população da pequena cidade altamente revoltada e não se conformando com a situação, não controlaram os ânimos e tentaram fazer justiça com as próprias mãos.
Na noite da terça (10), o pai do acusado, o senhor Manoel Pereira da Silva, conhecido como Pedro, foi abordado pelo popular Júlio César Cavalcanti da Silva, de 25 anos, que estaria transtornado com o desaparecimento da criança, e perguntava ao idoso onde estaria o corpo de Arthur. Sem obter respostas, Júlio César esfaqueou o aposentado ferindo-o na mão, ombro e abdômen.
Manoel Pereira foi levado ao hospital da cidade de Dona Inês, mas devido a gravidade dos ferimentos teve que ser levado ao Hospital de Traumas de João Pessoa.
O acusado de esfaquear o pai do acusado do desaparecimento do garoto, foi detido pela Polícia mesmo resistindo à prisão.
A notícia esperada e temida
Foi por volta das 10h da manhã da quinta-feira (12), sete dias depois do desaparecimento, que o primo da vítima José Fernandes da Silva de 38 anos, Valdemar Félix de Menezes, de 23 anos, e um rapaz identificado como “Bastião” encontraram o corpo do garoto no Sítio Mulungu, zona rural do município de Dona Inês, próximo a Escola Ana Maria da Conceição Melo. Eles davam continuidade às buscas quando se depararam com uma espécie de cova, quando verificaram inicialmente nada encontraram. Porém, bem próximo do local tinha vários galhos no chão, o que despertou suspeitas; os três limparam o local, escavaram poucos centímetros e encontraram a "planta" dos pés do garoto e parte do calcanhar.
A Polícia foi até o local. Uma multidão aliviada, revoltada e visivelmente comovida se fez presente.
Apesar de ter dito ser incapaz de fazer mal a qualquer criança, os indícios comprovam a barbaridade cometida por Júlio. O menino Arthur, ou Victor, teve sua vida brutalmente ceifada, seu corpo foi encontrado a princípio com três cortes na cabeça, seus dias foram interrompidos pela crueldade de um indivíduo que pode ser qualificado como “monstro”.
Tony Souza / Marcos RicardoCom Feliciano Silva e Blog do Mago
Da redação, donainesonline