Nesta
quarta-feira, 5 de outubro, o clima de tranqüilidade da greve foi
quebrado pelo Bradesco, que requisitou até a força policial para a
reabertura de suas agências em João Pessoa, através do artifício do
Interdito Proibitório (instrumento jurídico utilizado para reaver
imóveis rurais em questões agrárias). A Oficial de Justiça e os
policiais, inclusive os do GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), não
entenderam a requisição da força policial para o cumprimento de uma
medida judicial contra o movimento pacífico e ordeiro dos bancários.
Mais
uma vez, o Bradesco desrespeitou o contido na Lei 7.783/89, mais
conhecida como a Lei de Greve, que diz em seu artigo 1º, que "é
assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir
sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por
meio dele defender". E, no artigo 2º, "considera-se legítimo exercício
do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total
ou parcial, de prestação pessoal de serviços ao empregador".
Para o
secretário geral do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcelo Alves
não restou uma alternativa aos trabalhadores bancários senão cumprir o
mandado judicial, que em seu texto trazia expressa a multa de R$ 10 MIL
por agência/dia. "Ficamos muito tristes com a forma que a Justiça tem
tratado os bancos e os bancários; para os banqueiros o direito, para os
bancários a força policial. Afinal, estamos no nono dia de uma greve
ordeira e pacífica, apenas reivindicando o que nos é devido por
direito", arrematou.
Jurandir Pereira, diretor responsável pelo
Jurídico do SEEB-PB, orientou o comando do movimento a acatar e cumprir a
decisão judicial, ao tempo em que condenou a postura dos advogados do
Bradesco e o equívoco cometido pelo judiciário. "Entramos com um mandado
de segurança e vamos aguardar o seu desfecho para retomarmos a greve no
Bradesco, porque o interdito proibitório é um mecanismo usado de forma
capciosa para tentar desmobilizar os bancários. Se a Constituição
Federal garante o direito de Greve, a categoria vai utilizar essa arma
legal, com certeza", concluiu.
Greve forte -
Mesmo com a abertura das agências do Bradesco na capital, a greve
continua muito forte na base do SEEB-PB, neste nono dia de paralisação,
com 87% de adesão na região metropolitana e em torno de 90% no interior.
Em nossa base de atuação, continuam fechadas as agências dos seguintes
bancos: 41 do Banco do Brasil; 18 da Caixa Econômica Federal; 13 do
Santander, 10 do Itaú; 8 do Banco do Nordeste do Brasil; 6 do Bradesco; e
2 do HSBC.
Procon - O Procon Estadual da Paraíba
convocou o presidente do Sindicato dos Bancários para uma reunião, na
tarde desta sexta-feira (7), para explicar o não cumprimento dos
serviços de depósitos nos bancos, por conta da greve da categoria.
Os
bancos cobram tarifas exorbitantes, desrespeitam as normas de segurança
e a Lei das Filas e proporcionam um péssimo atendimento à sociedade;
isso, todos os dias do ano, sem receberem nenhuma punição pelo descaso.
Já os trabalhadores bancários, que cumpriram todos os trâmites legais
para exercerem o seu legítimo direito de Greve, estão sendo chamados
pelo Procon Estadual para se pronunciarem sobre a falta de envelopes de
depósitos nas agências, que é um problema dos bancos.
Para o
presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcos Henriques ao
agir dessa forma o Procon tem sido muito bonzinho com os bancos e muito
exigente com os bancários. "Se os bancos utilizassem toda essa energia
que concentram para furar a greve e investissem em negociar seriamente, a
greve já teria acabado; e, talvez, nem tivesse sido deflagrada.
Portanto, os bancários não teriam que prestar nenhum esclarecimento ao
Procon por conta da intransigência dos banqueiros", concluiu.
Da Redação com Clickpb
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