domingo, 6 de novembro de 2011

IMPRENSA testa o serviço das assessorias de comunicação dos deputados brasileiros. 62,57% dos contatos foram ignorados

Imprensa1O assessor de imprensa é um dos principais parceiros de um político. Seja durante o período de campanha, seja na gestão de um mandato. Quando o cargo é de deputado, o esforço para alcançar exposição em mídia nacional é ainda maior e a relação com o assessor, mais próxima e importante. Eleito, a realidade é outra. Em várias situações, o assessor de imprensa torna-se um grande aliado do parlamentar, muitas vezes exercendo o papel de assistente direto, sendo pago com verba de gabinete – logo, dinheiro público.
Para verificar a qualidade dos serviços de assessoria de imprensa dos representantes legislativos, IMPRENSA testou o atendimento e a eficiência na resposta dos 513 deputados brasileiros. Durante a pesquisa, averiguou-se que parte dos assessores não possui formação e experiência em jornalismo ou relações públicas e que alguns chegam à função por simpatia política.
O ponto de partida para a pesquisa foi o envio de um e-mail para cada um dos deputados nos endereços disponibilizados no site da Câmara.Além do pedido para que a solicitação fosse encaminhada à assessoria de imprensa, a pergunta foi igual para todos: “Qual a importância do relacionamento com a imprensa para o seu mandato?”
TRANSPARÊNCIA
O aumento da cobrança por transparência e o amadurecimento de algumas instituições possibilitaram a criação de novos meios de prestação de contas e diálogo com o eleitor. Entretanto, o bom uso dessas ferramentas para comunicar-se com o povo ainda é baixo. Em São Paulo, uma pesquisa da Medialogue feita em outubro – com 55 vereadores – apontou que 47% ainda ignoram e-mails de eleitores. No levantamento feito por IMPRENSA, o resultado não foi diferente. Em um período de dois meses – agosto e setembro – a reportagem testou a comunicação dos políticos com jornalistas e a eficácia de suas assessorias ao atender a imprensa. O envio da pergunta “Qual a importância do relacionamento com a imprensa para o seu mandato?” para o e-mail dos deputados seguiu com o pedido “Aos cuidados da Assessoria de Imprensa” e deadline de uma semana.
DOS 513 E-MAILS DISPARADOS PARA OS DEPUTADOS FEDERAIS:
- 26,5% retornaram com algum tipo de resposta;
- 62,5% foram ignorados;
- 10,9% voltaram com mensagens de erros.
DOS 26.5% QUE RETORNARAM (136):
- 69,1% responderam a pergunta feita por IMPRENSA;
- 30,8% retornaram diretamente ou via assessoria, mas não deram continuidade à solicitação.
Dos 513 e-mails disparados, 136 foram respondidos, 321 ignorados e 56 voltaram. Entre os 136, 94 atenderam ao pedido da reportagem e 42 responderam, mas não deram continuidade à solicitação. Foram poucos os retornos – se levado em conta o universo procurado – mas um deles chamou a atenção. A assessoria do deputado Hugo Motta (PMDB-PB) não só respondeu aos questionamentos da reportagem, como o fez em um formato pouco usual: um áudio com a resposta do político foi encaminhado. Para ele, uma assessoria eficiente é fundamental. “Uma equipe competente faz com que o diálogo com a sociedade seja ampliado”.
A quantidade de mensagens que retornaram, bem como as ignoradas, mostra que os e-mails não se configuram como uma forma eficiente para a comunicação com os parlamentares e não parece ser o foco de atuação das assessorias. Por outro lado, não se trata do único meio para o diálogo com jornalistas e eleitores. Muitos possuem atuação ativa na web e investem em sites próprios e redes sociais.
O QUE ELES DIZEM?
O ex-jogador e deputado Romário (PSB-RJ), apesar de não ter respondido ao contato de e-mail, conta com um site em que publica entrevistas, vídeos e informações sobre seus projetos. Jean Wyllys (PSOL-RJ) também não retornou ao e-mail, mas possui um perfil ativo em redes sociais. Já o deputado mais votado do Brasil, Tiririca (PR-SP), é um exemplo oposto. Seu poder de comunicação está relacionado à massa – aparições na TV e inserções em rádio – e não às plataformas de comunicação virtuais, como é o caso de outros representantes legislativos. Nas 94 respostas que IMPRENSA obteve, os políticos comentam a importância do trabalho da assessoria para suas funções. O deputado Luiz Carlos (PSDB-AP) reconhece que “a assessoria de imprensa é peça fundamental na execução do trabalho político e serve para levar ao público as ações do mandato, como o meio mais rápido e de maior credibilidade”. Para o Professor Sétimo (PMDB-MA), “na era das novas tecnologias, em que a comunicação e a informação ultrapassaram barreiras físicas, comunicar-se com a imprensa é fundamental”. Apesar de não ter um site próprio, o deputado conta com um perfil no Twitter.
É senso comum de que é obrigação dos parlamentares informarem à sociedade o que estão fazendo em seus mandatos. Muitos políticos têm essa consciência e enxergam no diálogo com a imprensa uma forma de falar com o eleitor. José Priante (PMDB-PA) ressalta que “todo cidadão tem o direito de saber o que seus representantes políticos estão fazendo e todo parlamentar tem o dever de prestar contas do seu mandato à sociedade”. Ele também reconhece que a grande imprensa é o melhor meio de atender a essas demandas, mas nem sempre é possível contar com a espontaneidade desses veículos. Daí a importância da assessoria de imprensa para não só buscar espaço na grande mídia, mas também identificar soluções que aprimorem a comunicação entre o parlamentar e a sociedade. O importante é conseguir um canal eficiente para diálogo. Matéria publicada na edição de novembro (273) da Revista IMPRENSA.
Fonte: Revista IMPRENSA
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