domingo, 13 de maio de 2012

Fazenda em Goiás que foi de JK está abandonada por causa de disputa familiar




Fazenda em Goiás que foi de JK está abandonada por causa de disputa familiar
Refúgio do ex-presidente Juscelino Kubitscheck até sua morte, em 1976, a fazendinha JK, no entorno de Brasília, está abandonada devido a uma disputa familiar. Localizada a 13 quilômetros do município goiano de Luziânia, a propriedade de 78 alqueires (cerca de 3,77 milhões de metros quadrados) foi desocupada pelos moradores Antônio Henrique Servo, 45, sua mulher, Rosana, e pelos três filhos no último dia 4 de maio.

Servo é um dos seis filhos do deputado estadual paranaense Lázaro Servo, que comprou a fazenda em 1984 da viúva do ex-presidente, Sarah Kubitscheck. Amigo da família JK, o então deputado teria prometido preservar o patrimônio histórico. Mas, após sua morte, em 1999, os herdeiros iniciaram uma batalha pela herança.

Uns querem vender a propriedade que foi do pai. Servo é contra. O caso foi parar na polícia, e, por força de uma ordem judicial, Antônio Servo, responsável pela manutenção da fazenda, teve que fechar a sede, onde está o acervo histórico de JK. No dia 4 de maio, ele deixou a propriedade.
Projetada por Oscar Niemeyer, a fazenda JK é o único trabalho em área rural do arquiteto e amigo de Juscelino. A propriedade também possui jardim assinado pelo paisagista Burle Max. Da fazenda, que originalmente possuía 1.600 hectares, parte foi vendida pela família Servo depois da morte do patriarca.
O ex-presidente, após ser cassado pela ditadura militar em junho de 1964, se mudou para o entorno de Brasília e viveu ali até 1976, quando morreu em um acidente de carro. Até hoje a fazenda JK abriga objetos pessoais de Juscelino, como o Mercedes-Benz ano 1963, a coleção de quadros, a biblioteca com 1.800 livros e a mobília.
Em entrevista ao UOL por telefone, Servo afirmou que não foi despejado, mas como havia uma medida protetiva, resolveu deixar a propriedade para garantir a segurança de sua família. Ele conta que atualmente a fazenda está com as porteiras trancadas e deteriorada devido ao avanço da sujeira. Segundo a mulher de Servo, o primo Roberto Prado Ramos foi nomeado tutor da fazenda até que haja um acordo.
Único a defender a manutenção da fazenda, Servo, que está morando em Luziânia, diz que irá contratar um advogado para a sua defesa. Na última semana de abril ele ingressou com um pedido de tombamento no Ministério Público Estadual (MP).
Como se trata de uma propriedade particular, a falta de consenso entre a família entrava o tombamento, que pode ser questionado por qualquer um dos herdeiros. Em 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizou uma vistoria técnica no local, mas o processo para solicitar o tombamento ainda não foi iniciado.

Manutenção da história

Servo conta que o governo de Goiás demonstrou interesse em comprar a propriedade para a preservação histórica, mas o valor pedido inicialmente pela família, R$ 25 milhões, foi considerado alto, e as negociações não foram adiante.
Nos últimos 12 anos, Servo diz que a manutenção da fazenda ficou sob sua responsabilidade. “Nossa luta é pela manutenção da história do Brasil, somos apaixonados pela trajetória de Juscelino Kubitschek e da dona Sarah. Vamos guerrear até a morte por essa bandeira.”
Nenhum dos outros herdeiros foi localizado pela reportagem.
Servo diz que está preocupado com a situação do patrimônio da fazenda. Como a casa-sede estava fechada havia dois meses, ele afirmou que o mato já tinha avançado pelo quintal, as paredes estão com infiltração, e a piscina está suja.
“Gostaria que, pelo menos, as áreas da sede e da igreja fossem preservadas. Assim que saí de lá, o patrimônio ficou desprotegido. Esse patrimônio não é nosso, mas sim do Brasil”, finalizou.
Bananeiras Agora

0 comentários:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Fernando Lúcio: E-mail: donainesonline@hotmail.com. Tecnologia do Blogger.