segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Por que até o Papa tem medo do Padre Cícero?



Este acima é o título de um artigo que chegou à redação do Site Miséria na semana passada e é de autoria de Roberto Villanova que começou no Jornalismo em 1973 tendo sido repórter do Jornal do Brasil (1977/88) na condição de correspondente em Alagoas e na Paraíba. Foi ainda redator de política do Jornal de Brasília (1992/93) e, atualmente, é colunista político de O Jornal, onde assina a coluna Contexto. Eis na íntegra o texto de Roberto Villanova que foi o primeiro blogueiro da imprensa alagoana:

O cardeal Joseph Ratzinger conduziu durante dez anos o processo para beatificação e posterior canonização do padre cearense: Cícero Romão Batista.
Não há, no Vaticano, quem conheça melhor a vida e os “milagres” do Padre Cícero. O cardeal Ratzinger é o maior especialista sobre o Padre Cícero, dentro da Igreja Católica.
O cardeal Joseph Ratzinger virou o Papa Bento XVI e esperava-se que ele desse seqüência ao processo que conduziu na condição de cardeal, mas qual o quê?

O processo empacou no Vaticano.
Para entender a peleja do Vaticano com o Padre Cícero cabe lembrar que a Santa Sé temia que a liderança religiosa do Padre cearense levasse à criação de uma Igreja Católica, Apostólica e Brasileira.
Sim, porque a que está aí é Romana.
Na década de 1930, o Vaticano designou o reitor do Convento de Brindsi, o frei Pio Giannotti, para liderar a “Santa Missão” destinada a fortalecer o poder da Santa Sé na região mística do sertão nordestino.
Nessa região, especialmente na região das “sete cidades” do sertão do Cariri, expandiu-se o fanatismo religioso que, ao contrário do que muitos pensam, não começou com o Padre Cícero – antes dele, prevaleceu a pregação do “padre Ibiapina”, uma espécie de precursor do Padre Cícero.
Ibiapina era um advogado em Recife que, por desilusão amorosa, renunciou a toga e vestiu uma batina. Começou a pregar e a criar as chamadas “Casas de Caridade”, o que assustou os padres franceses que administravam o Convento de Fortaleza.
Pressionado pelo Vaticano, o “padre Ibiapina” capitulou. Mas, quando o Vaticano pensava que tinha resolvido o problema, deu-se o “milagre” da beata Maria de Araújo – que fez surgir o Padre Cícero como novo líder espiritual na região do Cariri.
Em 1931, o ex-reitor do Convento de Brindsi, Pio Giannotti, desembarcou no Brasil e mudou de nome. Passou a se chamar “frei Damião de Bozzano”.
Soldado combatente na I Guerra Mundial, nada revelava na figura baixinha do Frei Damião esse passado de guerreiro. E, no Brasil, ele se desincumbiu com sucesso da tarefa dada pelo Vaticano e, se não conseguiu eliminar totalmente o prestígio do padre Cícero, pelo menos conseguiu dividi-lo.
E, por ironia, há quem o compare à reencarnação do Padre Cícero – o que o Frei Damiãorechaçava com mau-humor, sob a alegação de que o Padre Cícero desobedeceu ao papa.
Mas, gente, passado tantos anos e diante dessa oportunidade de ser o papa atual o responsável pelo processo de canonização do Padre Cícero, não é estranho que a Igreja Católica Romana ainda tema o prestígio do padre cearense?
Quem sabe esse temor se deve ao fato de o Padre Cícero ser o único líder religioso no mundo que não foi peregrino?
O padre Cícero nunca saiu do Joazeiro. As pessoas é que vão lá, ainda hoje, para reverenciá-lo.

Por: Sensocriticopb

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