Discurso de quebradeira tem prazo de validade

O governador Ricardo Coutinho (PSB) marcou para segunda-feira a entrevista coletiva para prestar contas pelos seus cem dias de gestão. A data é importante por servir para o gestor, em linhas gerais, dizer a que veio. E vai ser uma grande oportunidade para que o socialista apresente muito mais do que queixas em relação às gestões passadas. Tocando em miúdos, diga logo o que de positivo tem feito no estado e o que pretende fazer.
Até porque o discurso de quebradeira aplaca por um tempo a ânsia da população por ver ações que efetivamente tirem a Paraíba do atraso, mas não para sempre. Dois pontos precisam ser analisados nesse caso: o primeiro é o de que a situação financeira do estado realmente não estava as mil maravilhas (o balancete do governo demonstrou isso). Também foram herdadas armadilhas como a PEC-300, mas esses fatos não podem virar cantiga de grilo.
É preciso que o Ricardo chegue e diga o que realmente a população vai poder esperar do governo. Até porque o parâmetro existente atualmente é o da campanha eleitoral, da promessa de avançar 50 anos em cinco, reduzir os índices de violência, descentralizar a saúde, ampliar os descontos para pessoas carentes nas contas de água e energia, pagar o 13º do Bolsa Família e encher o estado de obras.
Se isso não for mais possível, é melhor combinar com a população, que tem o voto como arma para tirar e colocar no poder quem bem entender. A esperança de todos é a de que seja feito pelo estado algo parecido com o ocorrido em João Pessoa, no período em que o socialista esteve no poder, com muitas obras em execução. Foi isso o que colocou em segundo plano o ex-dono da máquina, José Maranhão (PMDB).
Chegou a hora de Ricardo mostrar que é diferente. A hora de guardar o discurso de quebradeira para o período eleitoral e fazer valer o voto do eleitor.