O ano de 2012 está apenas começando, mas já deu sinais que será pródigo em notícias políticas de repercussão meteórica, como foi a de hoje com o anúncio da renúncia de Luciano Agra à reeleição em João Pessoa.
A repercussão é tamanha que transcende as divisas da Paraíba, tirando do descanso quem estava longe. E colocando em agitação quem perto está.
Não que o assunto fosse virgem de um todo. Durante meses se especulou sobre a substituição de Agra, um técnico de mão cheia, mas um político em construção.
Sua decisão hoje o coloca no rol dos homens mais desprendidos que a Paraíba já teve. Não deve haver com tamanha clareza na história da política pessoense ato de extremo desapego ao poder e aos interesses pessoais. Um prefeito de uma gestão bem avaliada renunciar ao direito de reeleição não é coisa que se vê tão facilmente. A maioria, se pudesse, governaria pra sempre, como se fosse um Deus vivo encarnado na figura de governante.
E se Luciano Agra o fez foi por convicção pessoal de que estaria mais em paz consigo mesmo ao mostrar coragem na renúncia do que receios num processo de reeleição. No futuro, poucos vão poder dizer o que Agra disse hoje. Sua renúncia, foi antes de qualquer coisa, um ato de bravura.
Claro que, feita da forma que foi, coloca a base política ligada a ele e ao governador Ricardo Coutinho em polvorosa. Tão rápido quanto foi a saída de Agra apresentam-se no cenário os nomes que poderão substituí-lo.
Cinco nomes apareceram inicialmente. Alguns deles já estavam na mídia algum tempo.
É a partir do acerto dessa “nova escolha”, porque a primeira foi feita em 2008 quando Ricardo Coutinho deixou escolheu um vice-prefeito ciente de seu afastamento para disputar o governo do Estado, que o projeto de gestão adotado em 2005 na Capital depende.
Assim, como diria um observador da cena política local, no lugar de ficar ruminando o passado, o grupo político do governador deve pensar em acertar na definição para, em seguida, reposicionar o novo candidato na raia de corrida, cujos demais corredores já partiram na frente.
Antes de dissecar uma por uma as opções em vistas, registro que qualquer que seja o escolhido deve apresentar de pronto um requisito: autonomia diante da candidatura e do projeto, para não sofrer o velho peso de ser simplesmente uma criatura de Ricardo Coutinho.
Na linha de frente, Estelizabel Bezerra (secretária de Planejamento), o vereador Bira, ambos do PSB, e o secretário de Comunicação do Estado, jornalista Nonato Bandeira, o braço direito do projeto político iniciado em 2005.
Os nomes como do secretário João Azevedo (Recursos Hídricos do Estado) e Emília Correia Lima (CEhap) são, em que pese a importância que representam nas gestões do PSB, facilmente descartáveis. Ora, se fosse pra ficar com um bom técnico como candidato, não tem ninguém melhor que o próprio Luciano Agra.
Restam Estelizabel, Bira e Nonato, que já foi lançado pelo PPS e incluído na lista do próprio PSB, conforme anúncio feito por Ronaldo Barbosa, presidente da legenda em João Pessoa.
Estelizabel é jornalista, assim com Bandeira. Conhece e vende bem a gestão e o projeto do PSB implantado em João Pessoa. Goza, além disso, junto ao governador Ricardo Coutinho de forte conceito.
Suas qualidades param por aí. Na avaliação de alguns líderes da classe política, é quase tão técnica quanto Luciano Agra. E a substituição, se ocorrer, não iria provocar tanta alteração no quadro, à exceção da fala com menos pausa que o prefeito.
O vereador Bira é o único dos três testado nas urnas. Politicamente, pode-se dizer que é bem articulado. Mesmo que pequenas para uma disputa majoritária, construiu bases próprias de eleitores. Carismático, é, politicamente, “leve” e isso ninguém pode negar.
O problema de Bira está exatamente no excesso de “leveza”. Jovial, Bira pode influir no eleitor a desconfiança de se apresentar como gestor experiente para administrar uma prefeitura do porte da Capital paraibana.
Entre os três, Nonato Bandeira é, sem dúvida, o que mais reúne experiência na disputa política dentro do projeto. Conduziu, interna e externamente, as vitórias de Ricardo Coutinho em 2004, 2008 e 2010.
Por causa da função de secretário de Comunicação nas gestões municipais do PSB, conhece a gestão como poucos. E seu trabalho, durante todo o projeto, por causa do cargo que ocupou, foi simplesmente defendê-la.
O diferencial de Bandeira é que ele, no mesmo estilo que Ricardo Coutinho, defende a gestão partindo pra cima do adversário, atacando-os. È, simultaneanemente, zagueiro e centroavante do projeto.
Num debate com figuras como Cícero Lucena, José Maranhão e Luciano Cartaxo é o que apresenta melhor tutano para combatê-los.Seu principal obstáculo é conquistar pra si a unificação do PSB, já que Bandeira, dentre os nomes, é o único fora do partido do governador.
Claro que a questão partidária pode ser amenizada. Já que, ao que se pode notar, o que move o grupo político ligado ao governador Ricardo Coutinho é o desejo de continuidade do modelo implantada na Capital, independentemente do nome ou partido que o melhor represente.
Não fosse assim não teríamos visto um prefeito com direito à reeleição abrir para que o grupo decida a melhor forma de vencer as eleições de 2012.
É a partir desses pressupostos que o grupo se debruça a partir de agora.
E que faça sem levar em consideração vaidades pessoais. Mas com a racionalidade – e até frieza – que o assunto exige. Afinal, como diz um velho ensinamento popular: errar uma vez é humano. Duas vezes, é burrice.
Luís Tôrres
0 comentários:
Postar um comentário