Eu sertão, não sei o certo...
Sou córrego e deserto.
Sinto a água correndo perto
Ou seja, correndo dentro,
Dentro de mim...
Minhas veias, riacho...
Percorrendo minhas entranhas
Dos meus rios e montanhas
Assoreando minhas artérias
Com as impurezas das minhas águas
Com a vermelhidão do meu sangue.
Eu manancial, em miniatura
Abastecido pela água do tempo
Em chuva de pensamento me banho
E molhado no suor do meu corpo
Evaporo-me...
Eu, nuvem cheia, precipito- me,
Jogando-me do alto
Caio na terra.
Do meu corpo seco, sedento,
Molhando a alma, lamento...
Eu, fauna em extinção
Fui mico leão dourado
Vaqueiro atrás do gado
Cacimba na serra
Cheiro de terra molhada...
Eu, trovão de invernada
Enxada cavando o chão
Semente de algodão
Fogueira e carne assada...
O sertão é meu interior,
É minha alma doutor
Sertanejada.
Dona Inês, 25 de abril de 2013
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