OPINIÃO - Artigo de Dom Lucena apoia manifestos, mas condena vandalismo e a PEC 37

As manifestações espontâneas O Brasil está mudando e fazendo história. Nas ruas de todo o País têm ocorrido manifestações pacíficas, espontâneas, não só por causa do aumento de passagens de ônibus, mas o momento oportuno da juventude, da sociedade de bem, tornar públicas as suas inquietações. Elas são positivas e despertam a consciência no convívio democrático e responsável entre os cidadãos. O nosso maior bem político é a democracia. A divulgação de informações tendenciosas, servindo de argumentos para alcançar objetivos desejados que atendam a interesses pessoais, grupos políticos ou setores da sociedade, em detrimento do bem comum, é insustentável. As manifestações revelam insatisfações com os problemas que afetam todos os cidadãos. Espera-se há muito tempo uma resposta ao mensalão, à corrupção e aos males que afetam o país hoje. Construções importantes estão paralisadas, falta de qualidade nos transportes, na saúde, na educação e na segurança pública em detrimento da construção de novos estádios de futebol. Estes, sim, são concluídos no tempo planejado e não existe falta de recursos. A falta de controle da inflação já é sentida no dia a dia dos brasileiros. Sabe-se que o âmago de todo o problema está na avassaladora corrupção nos diversos níveis da sociedade. É inadmissível que a proposta de redução dos efeitos da Lei da Ficha Limpa vigore. Os poderes constituídos devem zelar pelo bem comum, mas, ao contrário, parecem desafiar ultimamente cada cidadão de bem, tido sem força de reação diante dos desmandos vividos. As vozes das ruas pedem ações eficazes e urgentes. O que era organizado em reuniões presenciais, passado de boca a boca, agora tudo é mais rápido pelas redes sociais. Ao lado das manifestações justas surgem alguns fatos isolados de vandalismo praticados por aproveitadores e frutos da ação da política tradicional, acostumada a desestabilizar os movimentos de cidadania, que são atos expressamente censurados. Como são reprovadas a atuação policial violenta, a depredação do patrimônio público ou privado e as bandeiras oportunistas de partidos políticos. Um recado importante do povo aos políticos e aos diversos meios de comunicação é a não delegação total de sua representação a quem de fato é representante e exerce um cargo, mas que as pessoas estão além de partidos e continuam a ter a sua vontade política, que agora está surgindo de muitas maneiras, na voz dos jovens, cansados da política tradicional, vendo um país paralisado através da disputa eleitoral por uma eleição que ocorrerá ainda daqui a um ano e meio e por causa de uma Copa do Mundo. As vozes das ruas chamam atenção dos governos e da sociedade em geral. Que sejam realmente compreendidas. As manifestações são sinais de esperança e de transformação do País. E, com certeza, elas serão recorrentes, caso as situações expostas não forem pelo menos amenizadas. Todos são vítimas dos altos impostos e da corrupção implantada neste País. A população brasileira está cansada dos desmandos políticos. Daí é preciso dizer “não” a  “PEC 37”. Ela é danosa ao interesse do povo, limita a atuação do Ministério Público e atribui às polícias a exclusividade das investigações criminais. A sociedade brasileira não deve ser privada de instrumentos ou órgãos que garantam transparência com a coisa pública e a segurança do povo. “Todo o que pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações  não sejam denunciadas!” (Jo 3,20). Que as manifestações pacíficas sejam o anúncio de novos e de bons tempos nesta Terra de Santa Cruz. Autor: Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – Bispo de Guarabira(PB) O artigo já está publicado na coluna de Dom Lucena no Fato a Fato