terça-feira, 28 de junho de 2011

Cartazes da Parada Gay com santos musculosos causam polêmica com a Igreja Católica


A Parada Gay, que reuniu cerca de 4 milhões de pessoas neste domingo em São Paulo, causou polêmica com a Igreja Católica. Na decoração da festa, numa campanha pelo uso da camisinha, foram usados cartazes com santos de corpos musculosos. Os cartazes foram colocados ao longo da Avenida Paulista, palco principal da festa, que ganhou também as cores do arco-íris.
- Isso ofende profundamente, fere o sentimento religioso do povo. O uso debochado da imagem dos santos é ofensivo e desrespeitoso, o que nós desaprovamos – disse o cardeal dom Odilo Scherer.
A festa foi marcada por discursos políticos a favor da criminalização da homofobia, arrastões e assaltos contra os participantes, regidos por uma música eletrônica que parecia incitar um ritual etílico que dominava todo o trajeto. Para comemorar a data, os organizadores ainda buscaram o improvável: colocar todo o público para dançar ao som de “Danúbio Azul”.
A valsa, no entanto, só conseguiu ganhar seguidores quando entoada em altos decibéis num ritmo de techno-house-tribal, bem ao estilo das baladas gays em todo o mundo. A intenção era entrar para o Guiness Book como a valsa dançada pelo maior número de casais, o que não havia se confirmado até ontem à noite. Ainda em relação ao número de participantes, a Polícia Militar informou que não faria projeção oficial, deixando o dado a cargo dos organizadores.
Não fosse o engajamento político de um ou outro que estava em cima de um dos 15 trios elétricos, a discussão em torno do projeto de lei 122, que torna crime a homofobia, teria passado batida. Muitos participantes sequer tinham ideia dos efeitos da decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF), que, juridicamente, tornou possível a união homoafetiva.
- Sei lá que projeto é esse. Estou aqui só para dançar e zoar – dizia Carmem Fernandez, 27 anos, mais interessada em entrar e sair debaixo da bandeira de arco-íris que seguia a marcha.
Eleita a primeira diva da Parada Gay de São Paulo, a cantora Preta Gil abriu a 15ª edição do evento pedindo respeito à diversidade. Em coletiva à imprensa, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e da senadora Marta Suplicy (PT-SP), Preta pregou a criminalização da homofobia. Com bom humor, usando vestido todo bordado em cristais, a cantora disparou:
- Eu sou uma travesti que já nasceu operada. E estou aqui muito honrada de ser primeira diva da Parada, por isso já vim toda trabalhada no brilho porque sou uma drag debutante, com muita honra, humildade e emoção – disse ela, lembrando da trajetória do pai, o cantor Gilberto Gil, nos anos 70.
- Sou filha do tropicalismo. Quando exilados, meu pai e minha mãe foram torturados por não expressar sua música. Sou filha da liberdade e acredito na diversidade e na inclusão. Sempre fui militante da causa.
O Globo

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Fernando Lúcio: E-mail: donainesonline@hotmail.com. Tecnologia do Blogger.