Fantastica
O Fantástico percorreu sete estados e encontrou um cenário
preocupante no Samu: ambulâncias abandonadas, com freio de mão que não
funciona e estepe amarrado com atadura. Na Paraíba, a reportagem exibida
na noite de ontem mostrou uma série de dificuldades. Na cidade de Sapé,
a equipe tentou encontrar mais duas ambulâncias que estão paradas há
mais de um ano. Ao passar por dentro do hospital da cidade, de 50 mil
moradores, e encontrar os veículos no estacionamento, a equipe ligou
para o 192.
Repórter: Eu estou aqui em Sapé. Aqui não tem Samu?
Atendente: Não.
Repórter: Então, se precisar, não tem Samu em Sapé?
Atendente: Hoje, se precisar hoje, não.
Atendente: Não.
Repórter: Então, se precisar, não tem Samu em Sapé?
Atendente: Hoje, se precisar hoje, não.
"Estamos fazendo nossa parte, que é a construção da base no nosso
município, que estará pronta no próximo dia 15 de outubro", garantiu o
secretario de Saúde de Sapé, Garibaldi Pessoa.
Em Guarabira, de 55 mil habitantes, há três ambulâncias novas
paradas, incluindo uma sofisticada UTI móvel. "Está faltando um processo
de organização da central de regulação de João Pessoa, da prefeitura de
João Pessoa", apontou a secretária de Saúde de Guarabira, Alana Soares
Brandão Barreto.
"Não se estrutura uma rede do dia pra a noite. Você leva um tempo,
tanto para construção, para ter equipe", se defende a secretária
municipal de João Pessoa, Roseana Maria Barbosa Meira.
Repórter: Vocês não estão começando a casa pelo telhado desse jeito?
Primeiro entrega a ambulância para depois ter estrutura? Não é
estranho?
Cláudio Teixeira Régis, coordenador do Samu: É bastante estranho. Essa distribuição, que aconteceu ainda na gestão estadual anterior, foi feita dessa forma.
Cláudio Teixeira Régis, coordenador do Samu: É bastante estranho. Essa distribuição, que aconteceu ainda na gestão estadual anterior, foi feita dessa forma.
O atual secretário estadual de Saúde da Paraíba, Waldson Dias de
Souza, também culpa o governo anterior: "Critérios políticos que
definiram a quem o estado iria agraciar naquele momento". Ele concorda
que, se fosse uma escolha técnica, alguns municípios não receberiam
ambulância: "Não receberiam, porque não têm condição nenhuma de compor
uma região de saúde e nem serviços para poder regular estas
ambulâncias".
Segundo o secretário, das 160 ambulâncias novas, 90 ainda estão
paradas. "A gente tem o objetivo central que é colocar em funcionamento
todas as bases e redefinir o que for preciso dessas que não têm hoje o
critério de ser uma base Samu", continuou Waldson Dias de Souza.
Procuramos o ex-governador José Maranhão. Por ele, falaram dois
ex-secretários, que afirmaram que a distribuição das ambulâncias não foi
política. Em nota, disseram que a entrega seguiu os critérios do
Ministério da Saúde.
Ambulâncias paradas podem ser remanejadas para outras cidades. "Nós
determinamos um ofício aos municípios e estados cobrando uma solução.
Nós não podemos permitir que ambulâncias fiquem paradas e as pessoas
precisando", acrescentou Helvécio Magalhaes Junior, do Ministério da
Saúde.
Durante a reportagem, não encontramos problemas só em ambulâncias do
Samu. Mesmo veículos mais simples, de manutenção barata, rodam em
péssimas condições. Uma ambulância da Secretaria Municipal de Saúde de
João Pessoa (PB) está amassada, enferrujada, com para-brisa quebrado e
sem licenciamento há três anos. Depois de procurada pela equipe, a
secretaria decidiu tirar o veículo de circulação.
Da Redação com Araruna1
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