diz estudo
Um
estudo realizado na Espanha sugere que homens usam mais prostituição
porque, ao contrário das mulheres, ’sabem distinguir entre sexo e amor’.
Segundo a pesquisa de dois anos da Universidade de Vigo sobre o
perfil dos homens que usam prostitutas, o que eles valorizam no serviço
é não ter que conquistar a mulher, nem ter que conversar com ela
depois.
Para a maioria dos entrevistados, seria uma sorte poder receber
dinheiro por praticar sexo. Mais de 90% dos entrevistados consideram as
relações sexuais pagas uma necessidade.
“Analisamos as mudanças sociais dos últimos 30 anos e vemos a
substituição do modelo patriarcal, do pai protetor-provedor pela volta
do modelo ‘falocêntrico’, o colecionador de mulheres”, disse à BBC
Brasil a socióloga Silvia Pérez Freire, uma das autoras do estudo. “O
que motiva (o homem) a consumir serviços de prostituição é o desejo de
fortalecer seu papel dominante. Ele acaba identificando o hábito como
uma necessidade social”.
A maioria dos usuários, um total de 80%, tem entre 30 e 40 anos e
declarou ter vida familiar estável (com esposa ou namorada). A maior
parte dos homens diz escolher a que seja menos parecida com a sua
própria mulher.
A prostituição é o terceiro negócio mais rentável do mundo, depois
dos tráficos de armas e drogas, de acordo com estatísticas divulgadas
pelas Nações Unidas.
Ato social O levantamento também concluiu que muitos homens entendem
que ir em grupos aos prostíbulos é um ato social tão normal quanto um
jantar de negócios.
Por isso muitos pagam as prostitutas com cartões de crédito das
empresas para as quais trabalham. “Essa cumplicidade faz com que a
prostituição seja um sexo cômodo. Ninguém questiona nada e existe um
pacto implícito sobre o que é feito dentro de um bordel. O que é dali,
fica ali. Isso é um grande atrativo para políticos e pessoas
influentes”, disse à BBC Brasil a socióloga Águeda Gómez Suarez,
co-autora do estudo.
“Diria até que se não houvesse este componente de aceitação social
unido à conivência de cargos importantes de políticos a policiais, não
haveria tantos bordéis.”
Estereótipos A pesquisa, feita pelo grupo Estudos Feministas da
Universidade, foi transformada no livro “Prostituição: clientes e
outros homens”, e tem três continuações previstas.
O estudo classificou os consumidores do sexo pago em quatro grupos
básicos: o “homo sexualis”, o samaritano, o “homo economicus” e o “homo
politicus”.
O primeiro se valoriza pela quantidade de sexo que pratica e pelo
número de mulheres. O segundo procura uma prostituta que o escute e
seja mais vulnerável que ele, abrindo espaço até mesmo para uma relação
sentimental com ela.
O homo economicus busca emoções fortes e costumar misturar sexo com
drogas. Já o homo politicus tem certo peso na consciência pelo que faz,
mas não deixa de fazê-lo.
Os consumidores também classificaram as prostitutas em três
categorias, que correspondem aos estereótipos mais requisitados: mulher
fatal, mulher maternal e virgem.
A primeira, que corresponde a 70% da preferência dos homens, é alegre
e está sempre disposta a realizar qualquer fantasia sexual. A maternal
simula uma relação de casal mas, com a obrigação de consolar o homem
pelos problemas que ele diz ter em casa.
Já a virgem é a confidente contratada até para relações sem sexo,
onde o mais importante é ouvir e animar emocionalmente o cliente.
De acordo com o boletim da Associação de Proteção as Mulheres
Prostituídas (Apramp), a Espanha lidera o ranking de consumo de
prostituição na Europa: 39% dos homens já disseram usado pelo menos uma
vez uma prostituta, seguida por Suíça, com 19%; Áustria, com 15% e
Holanda, com 14%.
No relatório espanhol, os entrevistados responderam que são a favor
de uma regulamentação do setor, mas apenas para que haja controle
sanitário (a maioria requer realizar atos sexuais sem preservativos) e
para que as prostitutas paguem impostos.
Segundo as estimativas oficiais, há cerca de 700 mil prostitutas na Espanha, a maioria imigrantes ilegais e com filhos.
BBC Brasil
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