GIULIANA VALLONE
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O dia nos mercados financeiros foi de fortes quedas, como previsto por analistas desde a sexta-feira, na primeira sessão após a decisão da agência Standard & Poor's de rebaixar a nota de crédito dos EUA.
No Brasil, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve a pior queda desde outubro de 2008, enquanto nos Estados Unidos, o índice Dow Jones registrou a pior desvalorização desde dezembro do mesmo ano.
O dia foi marcado pela fuga dos investidores para ativos considerados mais seguros, como o ouro e até mesmo os agora rebaixados títulos da dívida norte-americana.
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O Ibovespa, o termômetro dos negócios da Bolsa paulista, caiu 8,08%, atingindo os 48.668 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,59 bilhões.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones teve queda de 5,5%, para 10.809 pontos --a primeira vez que o índice saiu dos 11 mil pontos desde novembro de 2010.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,610, em alta de 1,44% no dia --a maior desde junho de 2010.
A mudança na nota dos EUA não representou uma total surpresa, mas foi anunciada em um momento em que os investidores já estavam nervosos com a fraca recuperação do país, os problemas de endividamento na Europa e o ritmo de crescimento do Japão, após o terremoto de março.
"O mercado está precificando não só o rebaixamento dos EUA, mas também a perspectiva de desaceleração do crescimento mundial. As expectativas estão muito deterioradas e o mercado trabalha com expectativas", afirmou Osmar Camilo, analista-chefe da Socopa Corretora.
Hoje, o presidente Barack Obama afirmou que, apesar da redução da nota americana, os mercados ainda acreditam no crédito americano e que os EUA continuam um país seguro para os investidores.
"Não importa o que uma agência pode dizer, nós sempre fomos e sempre seremos uma nação AAA. Apesar de todas as crises que passamos, temos as melhoras universidades, as melhores empresas, e os mais inventivos empreendedores", disse Obama.
A queda nas Bolsas começou na Ásia. A Bolsa de Seul, que chegou a cair 6,3% durante o dia, fechou esta segunda com baixa de 3,82%, a 1.869,45 pontos, seu menor nível desde outubro de 2010. O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio encerrou as operações em queda de 2,18%, a 9.097,56 pontos.
Os mercados europeus abriram mais tarde e também caíram, com Londres em baixa de 3,39% e Frankfurt desvalorizando-se em 5,01%.
A queda da Bovespa foi mais forte que nos principais países desenvolvidos, o que pode ser explicado, em parte, pelo menor volume de recursos na Bolsa brasileira. Como o valor do mercado doméstico é menor, a tendência é que ele sinta mais as compras e vendas de ações.
Mas, segundo Camilo, mesmo em comparação com outras Bolsas emergentes --que também têm menos recursos em negociação--, a queda na Bovespa foi forte. A Bolsa do México, por exemplo, caiu 5,88%.
De acordo com ele, a desvalorização nas ações de Vale e Petrobras nesta segunda --Petrobras caiu acima de 7% e Vale acima de 9%-- contribuiu para uma baixa maior no Brasil, país muito afetado pela queda na demanda de commodities causada por uma crise.
SEGURANÇA
As memórias da crise financeira de três anos atrás também levaram os investidores a sair dos investimentos de risco e buscarem aqueles considerados seguros.
"O medo de uma repetição de 2008 é o que realmente está guiando os investidores", afirmou Gary Schlossberg, economista-sênio da Wells Capital Management à Associated Press.
O ouro, que os investidores tradicionalmente procuram quando querem um investimento seguro, subiu acima de R$ 1.700 a onça pela primeira vez na história nesta segunda. Considerados os ajustes de inflação, o preço continua abaixo do recorde de 1980.
O preço do metal subiu 4,20%, para US$ 1.718,00.
Os preços dos títulos do governo norte-americano subiram --mesmo após a S&P dizer que eles são um investimento mais arriscado que títulos de outros países--, porque esses papéis ainda são vistos como um dos poucos seguros do mundo. Os preços sobem com o aumento da procura.
O rendimento do Treasury de 10 anos caiu para 2,37%, saindo de 2,57% na sexta-feira. Esse percentual, diferentemente do preço, cai quando a procura sobe.
Os investidores ainda estão preocupados com a Itália e a Espanha, que podem se tornar os próximos países europeus a não conseguir pagar suas dívidas. O BCE (Banco Central Europeu) afirmou no domingo que vai comprar títulos italianos e espanhóis, na esperança de ajudar os países a evitarem um possível calote.
Além disso, para evitar o pânico nos mercados financeiros, os ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G-20 divulgaram um comunicado nesta segunda afirmando que estão comprometidos com as medidas necessárias para assegurar o crescimento e a estabilidade financeira.
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