“Eu
era uma empresária do tráfico. Ganhava até R$ 80 mil por mês e tinha
uma vida de classe média alta. Fiz por ambição mesmo, por desejo de
ganhar muito dinheiro, mas hoje me arrependo”. O relato é de Bárbara,
de 45 anos, cujo nome foi trocado para preservar a sua identidade. Ela
está presa na Penitenciária Maria Júlia Maranhão, em João Pessoa,
depois de atuar por 20 anos no tráfico de drogas. Assim como ela,
outras 241 mulheres respondem pelo mesmo crime na Paraíba, segundo o
Departamento Penitenciário Nacional (Depen/2011). A Paraíba é o
terceiro Estado do Nordeste com maior número de traficantes mulheres,
ficando atrás apenas de Pernambuco e Bahia. Das apenadas, 49,49% foram
enquadradas por tráfico de entorpecentes e no último ano, o crescimento
das envolvidas com esse tipo de crime foi de 19,80%. Especialistas
afirmam que além de herdar o negócio dos parceiros, elas estão vendo nas
drogas um mercado lucrativo.
Comparando proporcionalmente com os dados da população carcerária masculina, a escalada das mulheres no tráfico foi bem maior: enquanto quase 50% das detidas na Paraíba respondem por tráfico de drogas, entre os homens, o percentual é bem menor: 12,32%. Em 2010, a população carcerária paraibana era de 459 mulheres, sendo 178 no regime fechado, 73 no semi-aberto, 33 no regime aberto e 175 em prisão provisória. Seis anos antes, em 2005, os números eram bem mais modestos: eram 79 no regime fechado, 13 no semi-aberto, 15 no aberto e 116 no provisório, totalizando 223 mulheres. Os dados sinalizam um aumento de 51,42% neste período.
O alto índice de mulheres envolvidas no tráfico é uma realidade nacional. No Brasil, das 29.509 detidas, 15.914 foram por tráfico, ou seja, 53,93%. De acordo com a coordenadora da Comissão de Efetivação dos Direitos das Mulheres no Sistema Penal do Depen, Rosângela Peixoto Santa Rita, a taxa média de crescimento anual de encarceramento das mulheres, em nível mundial, reflete a maior rigidez da legislação contra o tráfico de drogas e vem crescendo em proporções maiores que a dos homens, embora o tema venha sendo pouco estudado.
“Essas mulheres são jovens, sem ensino fundamental completo, não-brancas, mães, presas por tráfico de drogas, oriundas, em sua grande maioria, de extratos econômicos desfavoráveis e estão imersas em uma complexidade do sistema social focado, majoritariamente, para homens, o que termina por agravar a desigualdade de gênero. Dentro desse percentual alto de mulheres presas por tráfico, há usuárias de drogas, há dependentes químicas, há mulheres que caem no tráfico para sustentar sua família, mulheres que entram no tráfico ‘puxadas’ por namorados ou maridos, entre outros indicadores”, explica.
Comparando proporcionalmente com os dados da população carcerária masculina, a escalada das mulheres no tráfico foi bem maior: enquanto quase 50% das detidas na Paraíba respondem por tráfico de drogas, entre os homens, o percentual é bem menor: 12,32%. Em 2010, a população carcerária paraibana era de 459 mulheres, sendo 178 no regime fechado, 73 no semi-aberto, 33 no regime aberto e 175 em prisão provisória. Seis anos antes, em 2005, os números eram bem mais modestos: eram 79 no regime fechado, 13 no semi-aberto, 15 no aberto e 116 no provisório, totalizando 223 mulheres. Os dados sinalizam um aumento de 51,42% neste período.
O alto índice de mulheres envolvidas no tráfico é uma realidade nacional. No Brasil, das 29.509 detidas, 15.914 foram por tráfico, ou seja, 53,93%. De acordo com a coordenadora da Comissão de Efetivação dos Direitos das Mulheres no Sistema Penal do Depen, Rosângela Peixoto Santa Rita, a taxa média de crescimento anual de encarceramento das mulheres, em nível mundial, reflete a maior rigidez da legislação contra o tráfico de drogas e vem crescendo em proporções maiores que a dos homens, embora o tema venha sendo pouco estudado.
“Essas mulheres são jovens, sem ensino fundamental completo, não-brancas, mães, presas por tráfico de drogas, oriundas, em sua grande maioria, de extratos econômicos desfavoráveis e estão imersas em uma complexidade do sistema social focado, majoritariamente, para homens, o que termina por agravar a desigualdade de gênero. Dentro desse percentual alto de mulheres presas por tráfico, há usuárias de drogas, há dependentes químicas, há mulheres que caem no tráfico para sustentar sua família, mulheres que entram no tráfico ‘puxadas’ por namorados ou maridos, entre outros indicadores”, explica.
Em JP, 15% chegam a chefiar o tráfico
O Centro de Reeducação Feminino Maria Júlia Maranhão, localizado no bairro de Mangabeira, na Capital, possui atualmente 357 apenadas. Segundo a diretora Cínthia Almeida, deste total, 80% respondem por tráfico e 15% chegaram a ocupar postos de chefia em bocas de fumo ou em comunidades. “A grande maioria realmente veio do tráfico. Muitas tiveram sorte por terem sido pegas apenas com um punhado de maconha ou por uma escuta telefônica, porque elas já transportaram muitos quilos de droga por aí”, disse.
O caso de Bárbara ilustra a presença feminina cada vez mais forte em posições de destaque no tráfico. Natural de Mato Grosso do Sul e cabeleireira por formação, ela foi parar na prisão por chefiar o tráfico de drogas por 20 anos no Estado de Roraima. “Vim a João Pessoa resolver um problema na documentação de um carro comprado na Paraíba e acabei sendo pega por uma escuta telefônica.
Falava com meu irmão, que também é traficante. Fui presa e ele continua solto até hoje”. Bárbara relata que tomou a decisão de ingressar nesse mundo por influência dos irmãos traficantes e principalmente por ambição. “Eu tinha um salão de beleza e era muito bem sucedida no meu trabalho. Mas queria mais. Por exemplo, se eu tinha um carro, queria dois. E por causa do dinheiro fácil, eu decidi entrar no tráfico, mas nunca experimentei droga nem toquei em pedra de crack. Traficante mesmo não é viciado”.
E no comando de Bárbara, logo o negócio prosperou. Com dez pessoas envolvidas diretamente na rede, os ganhos ficavam na média de R$ 60 mil a R$ 80 mil por mês, apesar de ser uma atividade paralela. “Eu pegava a droga na fronteira com a Bolívia. Eu traficava um mês e ficava parada seis meses, depois trabalhava outro mês e parava mais oito. Era conforme a maré. E mesmo não sendo frequentemente, eu ganhava bastante para viver bem durante todo o ano”, conta.
Droga paga até curso de Medicina
Dessa forma, Bárbara pôde viver duas décadas no glamour da classe média alta, na orla da praia de Boa Viagem, em Pernambuco. A filha que hoje é formada em Medicina teve todo o curso pago com o dinheiro do tráfico. “Ela era uma patricinha, nunca soube de onde vinha o dinheiro. Achava mesmo que era do salão.
Mas aquela época foi muito boa, vivi o luxo da classe média alta e hoje estou vivendo o lixo. Mas é a verdade. Errei e estou pagando. E vou zerar essa conta para não andar olhando para trás”, assegura.
Bárbara está concluindo o livro “Mulheres do Cárcere”, que escreveu junto com a colega de cela. “Pretendo publicar meu livro sim. Ele fala sobre o dia a dia da mulher presa, com suas dificuldades e aprendizados. Sabe de uma coisa? Eu tenho 45 anos, mas comecei a viver aqui. Nasci de novo e daqui para frente eu quero acertar sem pressa”.
O Centro de Reeducação Feminino Maria Júlia Maranhão, localizado no bairro de Mangabeira, na Capital, possui atualmente 357 apenadas. Segundo a diretora Cínthia Almeida, deste total, 80% respondem por tráfico e 15% chegaram a ocupar postos de chefia em bocas de fumo ou em comunidades. “A grande maioria realmente veio do tráfico. Muitas tiveram sorte por terem sido pegas apenas com um punhado de maconha ou por uma escuta telefônica, porque elas já transportaram muitos quilos de droga por aí”, disse.
O caso de Bárbara ilustra a presença feminina cada vez mais forte em posições de destaque no tráfico. Natural de Mato Grosso do Sul e cabeleireira por formação, ela foi parar na prisão por chefiar o tráfico de drogas por 20 anos no Estado de Roraima. “Vim a João Pessoa resolver um problema na documentação de um carro comprado na Paraíba e acabei sendo pega por uma escuta telefônica.
Falava com meu irmão, que também é traficante. Fui presa e ele continua solto até hoje”. Bárbara relata que tomou a decisão de ingressar nesse mundo por influência dos irmãos traficantes e principalmente por ambição. “Eu tinha um salão de beleza e era muito bem sucedida no meu trabalho. Mas queria mais. Por exemplo, se eu tinha um carro, queria dois. E por causa do dinheiro fácil, eu decidi entrar no tráfico, mas nunca experimentei droga nem toquei em pedra de crack. Traficante mesmo não é viciado”.
E no comando de Bárbara, logo o negócio prosperou. Com dez pessoas envolvidas diretamente na rede, os ganhos ficavam na média de R$ 60 mil a R$ 80 mil por mês, apesar de ser uma atividade paralela. “Eu pegava a droga na fronteira com a Bolívia. Eu traficava um mês e ficava parada seis meses, depois trabalhava outro mês e parava mais oito. Era conforme a maré. E mesmo não sendo frequentemente, eu ganhava bastante para viver bem durante todo o ano”, conta.
Droga paga até curso de Medicina
Dessa forma, Bárbara pôde viver duas décadas no glamour da classe média alta, na orla da praia de Boa Viagem, em Pernambuco. A filha que hoje é formada em Medicina teve todo o curso pago com o dinheiro do tráfico. “Ela era uma patricinha, nunca soube de onde vinha o dinheiro. Achava mesmo que era do salão.
Mas aquela época foi muito boa, vivi o luxo da classe média alta e hoje estou vivendo o lixo. Mas é a verdade. Errei e estou pagando. E vou zerar essa conta para não andar olhando para trás”, assegura.
Bárbara está concluindo o livro “Mulheres do Cárcere”, que escreveu junto com a colega de cela. “Pretendo publicar meu livro sim. Ele fala sobre o dia a dia da mulher presa, com suas dificuldades e aprendizados. Sabe de uma coisa? Eu tenho 45 anos, mas comecei a viver aqui. Nasci de novo e daqui para frente eu quero acertar sem pressa”.
Mulheres se rendem ao amor e ao vício
Diferente da história de Bárbara, muitas detentas ingressaram no tráfico por influência dos parceiros, o típico ‘amor bandido’. Segundo a psicóloga Carmen Gaudêncio, entre as motivações, essa ainda é a mais frequente. “Vários fatores estão envolvidos com o problema, mas os estudos mostram que as mulheres entram no tráfico geralmente por uma possível dependência ou um possível envolvimento afetivo, seja com namorado, marido ou familiar”, afirma.
É o caso de Tatiana (nome fictício), de 27 anos. Aos oito meses de gravidez, ela foi flagrada tentando entrar no presídio com drogas e um celular na vagina. “A encomenda era para meu marido. Eu sei que arrisquei a vida do meu filho, mas eu não sabia dizer não a meu parceiro”, confessa, em meio a lágrimas.
Tatiana é natural de Sapé, tem cinco filhos e garante que nunca usou drogas. Vício mesmo só pelo marido, que fez Tatiana adentrar no mundo do tráfico. “Eu era ‘avião’, só transportava a droga. Quem traficava era meu parceiro, que está preso até hoje. A pior loucura que eu já fiz foi transportar 5kg de crack de Natal para João Pessoa. Dessa vez, eu fiz por causa do dinheiro. Ganhei R$ 1 mil por quilo”, disse.
Hoje, Tatiana diz que se arrepende e, para o futuro, planeja trocar as grades por agulha, linha e sonhos. “Quando sair daqui, vou pegar meus filhos que estão com as avós e reconstituir minha família. Aqui dentro do presídio estou fazendo um curso de costura e a dona da fábrica já tem um projeto de montar o negócio conosco quando sairmos daqui. Eu vou trabalhar e ser feliz junto com meus filhos, se Deus quiser”.
Diferente da história de Bárbara, muitas detentas ingressaram no tráfico por influência dos parceiros, o típico ‘amor bandido’. Segundo a psicóloga Carmen Gaudêncio, entre as motivações, essa ainda é a mais frequente. “Vários fatores estão envolvidos com o problema, mas os estudos mostram que as mulheres entram no tráfico geralmente por uma possível dependência ou um possível envolvimento afetivo, seja com namorado, marido ou familiar”, afirma.
É o caso de Tatiana (nome fictício), de 27 anos. Aos oito meses de gravidez, ela foi flagrada tentando entrar no presídio com drogas e um celular na vagina. “A encomenda era para meu marido. Eu sei que arrisquei a vida do meu filho, mas eu não sabia dizer não a meu parceiro”, confessa, em meio a lágrimas.
Tatiana é natural de Sapé, tem cinco filhos e garante que nunca usou drogas. Vício mesmo só pelo marido, que fez Tatiana adentrar no mundo do tráfico. “Eu era ‘avião’, só transportava a droga. Quem traficava era meu parceiro, que está preso até hoje. A pior loucura que eu já fiz foi transportar 5kg de crack de Natal para João Pessoa. Dessa vez, eu fiz por causa do dinheiro. Ganhei R$ 1 mil por quilo”, disse.
Hoje, Tatiana diz que se arrepende e, para o futuro, planeja trocar as grades por agulha, linha e sonhos. “Quando sair daqui, vou pegar meus filhos que estão com as avós e reconstituir minha família. Aqui dentro do presídio estou fazendo um curso de costura e a dona da fábrica já tem um projeto de montar o negócio conosco quando sairmos daqui. Eu vou trabalhar e ser feliz junto com meus filhos, se Deus quiser”.
“Tinha vida de rainha no tráfico”
Há quem entre no tráfico por ambição. Há quem entre para agradar o parceiro. E há quem tenha se envolvido pelos dois motivos. Foi assim com Sônia (nome fictício), de 23 anos. Influenciada pelo namorado, ela começou no tráfico como “mula”, transportando drogas de uma cidade para outra. Em sete meses, chegou a gerenciar o tráfico da maioria das comunidades de João Pessoa e Cabedelo. A escalada de Sônia foi rápida. E a queda mais ainda.
“Estou com ele desde a adolescência. Ele tinha 14 anos e eu 16. Ele começou assaltando e logo entrou no tráfico. De lá para cá, me separei dele algumas vezes, mas depois de muitas idas e vindas acabei ficando com ele, que na época foi preso pela maior apreensão de crack em Cabedelo. A primeira vez que ele me pediu para ajudá-lo no tráfico foi para transportar 30kg de crack do Rio Grande do Norte para João Pessoa. Eu era muito apaixonada por ele e decidi ir”, lembra.
Sônia conta que nunca foi viciada e só entrou no tráfico para ajudar o parceiro. A partir daí, as viagens começaram a ficar mais frequentes e perigosas. “Eu era menor de idade, não tinha habilitação e carregava muita droga. A maior carga que eu trouxe foi de 60kg”. E com o tempo, Sônia foi descobrindo que além da paixão, o tráfico poderia lhe trazer muitas benesses. “Quando entrei de cabeça mesmo no negócio, eu tinha uma vida de rainha. Foram apenas sete meses, mas um tempo de luxo. Ia para o shopping, comprava o que quisesse do bom e do melhor. A única coisa que eu não podia fazer era sair para baladas. Ele não deixava”.
Com o marido preso, Sônia era uma espécie de gerente do tráfico comandado pelo parceiro. Ela recebia o dinheiro apurado das bocas de fumo e repassava as drogas para os chefes das comunidades. “Já entreguei droga a todos os chefes de comunidades de João Pessoa e Cabedelo. Meu marido era como um chefe dos chefes daqui”, disse.
Atualmente, o parceiro de Sônia está detido em um Presídio Federal no Mato Grosso e responde uma pena de 74 anos, além de ter processos em vários Estados. Sônia foi presa justamente por causa de uma prova de amor. “Um policial me reconheceu por causa de uma tatuagem com o nome dele que eu fiz. Como ele era muito conhecido por ser um dos maiores traficantes daqui, logo desconfiaram”.
Sônia diz que ainda é apaixonada pelo marido, mas afirma que não pretende voltar para ele quando sair da prisão. A filha do casal, que tem apenas oito anos de idade, é quem mais torce para que os dois reatem a relação. “Quando ela vem me visitar, vive me pedindo para voltar com meu marido. Apesar de até hoje ele mandar dinheiro para as despesas dela, acho que minha filha se acostumou com o luxo que tínhamos no tempo do tráfico e quer ter isso de volta”.
Ela garante que não tem condições de uma mulher de traficante não se envolver no crime. “Quem ama não sabe dizer não. E se ela não fizer o que ele pede, ele vai arranjar outra disposta a fazer. Eu só me arrependo de ter me envolvido no mundo das drogas, não dele. Eu ainda o amo”, declara.
Há quem entre no tráfico por ambição. Há quem entre para agradar o parceiro. E há quem tenha se envolvido pelos dois motivos. Foi assim com Sônia (nome fictício), de 23 anos. Influenciada pelo namorado, ela começou no tráfico como “mula”, transportando drogas de uma cidade para outra. Em sete meses, chegou a gerenciar o tráfico da maioria das comunidades de João Pessoa e Cabedelo. A escalada de Sônia foi rápida. E a queda mais ainda.
“Estou com ele desde a adolescência. Ele tinha 14 anos e eu 16. Ele começou assaltando e logo entrou no tráfico. De lá para cá, me separei dele algumas vezes, mas depois de muitas idas e vindas acabei ficando com ele, que na época foi preso pela maior apreensão de crack em Cabedelo. A primeira vez que ele me pediu para ajudá-lo no tráfico foi para transportar 30kg de crack do Rio Grande do Norte para João Pessoa. Eu era muito apaixonada por ele e decidi ir”, lembra.
Sônia conta que nunca foi viciada e só entrou no tráfico para ajudar o parceiro. A partir daí, as viagens começaram a ficar mais frequentes e perigosas. “Eu era menor de idade, não tinha habilitação e carregava muita droga. A maior carga que eu trouxe foi de 60kg”. E com o tempo, Sônia foi descobrindo que além da paixão, o tráfico poderia lhe trazer muitas benesses. “Quando entrei de cabeça mesmo no negócio, eu tinha uma vida de rainha. Foram apenas sete meses, mas um tempo de luxo. Ia para o shopping, comprava o que quisesse do bom e do melhor. A única coisa que eu não podia fazer era sair para baladas. Ele não deixava”.
Com o marido preso, Sônia era uma espécie de gerente do tráfico comandado pelo parceiro. Ela recebia o dinheiro apurado das bocas de fumo e repassava as drogas para os chefes das comunidades. “Já entreguei droga a todos os chefes de comunidades de João Pessoa e Cabedelo. Meu marido era como um chefe dos chefes daqui”, disse.
Atualmente, o parceiro de Sônia está detido em um Presídio Federal no Mato Grosso e responde uma pena de 74 anos, além de ter processos em vários Estados. Sônia foi presa justamente por causa de uma prova de amor. “Um policial me reconheceu por causa de uma tatuagem com o nome dele que eu fiz. Como ele era muito conhecido por ser um dos maiores traficantes daqui, logo desconfiaram”.
Sônia diz que ainda é apaixonada pelo marido, mas afirma que não pretende voltar para ele quando sair da prisão. A filha do casal, que tem apenas oito anos de idade, é quem mais torce para que os dois reatem a relação. “Quando ela vem me visitar, vive me pedindo para voltar com meu marido. Apesar de até hoje ele mandar dinheiro para as despesas dela, acho que minha filha se acostumou com o luxo que tínhamos no tempo do tráfico e quer ter isso de volta”.
Ela garante que não tem condições de uma mulher de traficante não se envolver no crime. “Quem ama não sabe dizer não. E se ela não fizer o que ele pede, ele vai arranjar outra disposta a fazer. Eu só me arrependo de ter me envolvido no mundo das drogas, não dele. Eu ainda o amo”, declara.
Governo apresenta projetos
Com números alarmantes, o Depen e a Secretaria de Administração Penitenciária da Paraíba fizeram um planejamento para melhoria da condição de vida e ressocialização das detentas.
“A questão da mulher exige um olhar de gênero, temos que dar um tratamento diferenciado. Em 2012, vamos iniciar a duplicação das vagas nas penitenciárias femininas. Além de ampliar os presídios femininos de João Pessoa, de Campina Grande e de Patos, vamos construir uma nova unidade em Sousa. A ideia é criar melhores condições de convivência, ampliando também os locais dos berçários e creches. Também temos uma rede de projetos para despertar habilidades nas apenadas para que elas possam voltar ao mercado de trabalho. Temos várias parcerias, a exemplo do convênio em Campina Grande do curso do Centro de Apoio à Criança e ao Adolescente (Cendac), que oferece 12 cursos por ano às presas”, relatou o secretário Harrison Targino.
Também são oferecidas vagas de cursos de qualificação profissional para familiares dos apenados. “É necessário dar esse suporte porque o ciclo de envolvimento na criminalidade precisa ser quebrado em todo o núcleo familiar. Assim, diminuímos a possibilidade dela reincidir no crime quando sair da prisão”, afirma. Ainda segundo Harrison, a partir do próximo ano, o programa “Saúde nos Presídios” será duplicado. Atualmente, são sete penitenciários que possuem o programa e no próximo ano, serão 14.
Já no Depen, foi lançado o projeto “Efetivação dos Direitos das Mulheres no Sistema Penal”, que tem como objetivo primordial o atendimento às necessidades da população feminina inserida no sistema penal, por meio da implantação e fomento de ações específicas, visando a melhoria das condições de cumprimento da pena.
“O projeto se divide em quatro eixos: a realização de pesquisas, sobre o encarceramento feminino nacional; a construção e reforma de unidades prisionais femininas; o fortalecimento e ampliação de políticas de acesso aos direitos das mulheres presas; e a estruturação de rede social do encarceramento feminino, formada por entidades governamentais e não-governamentais”, explica a coordenadora da Comissão de Efetivação dos Direitos das Mulheres no Sistema Penal do Depen, Rosângela Peixoto Santa Rita.
Com números alarmantes, o Depen e a Secretaria de Administração Penitenciária da Paraíba fizeram um planejamento para melhoria da condição de vida e ressocialização das detentas.
“A questão da mulher exige um olhar de gênero, temos que dar um tratamento diferenciado. Em 2012, vamos iniciar a duplicação das vagas nas penitenciárias femininas. Além de ampliar os presídios femininos de João Pessoa, de Campina Grande e de Patos, vamos construir uma nova unidade em Sousa. A ideia é criar melhores condições de convivência, ampliando também os locais dos berçários e creches. Também temos uma rede de projetos para despertar habilidades nas apenadas para que elas possam voltar ao mercado de trabalho. Temos várias parcerias, a exemplo do convênio em Campina Grande do curso do Centro de Apoio à Criança e ao Adolescente (Cendac), que oferece 12 cursos por ano às presas”, relatou o secretário Harrison Targino.
Também são oferecidas vagas de cursos de qualificação profissional para familiares dos apenados. “É necessário dar esse suporte porque o ciclo de envolvimento na criminalidade precisa ser quebrado em todo o núcleo familiar. Assim, diminuímos a possibilidade dela reincidir no crime quando sair da prisão”, afirma. Ainda segundo Harrison, a partir do próximo ano, o programa “Saúde nos Presídios” será duplicado. Atualmente, são sete penitenciários que possuem o programa e no próximo ano, serão 14.
Já no Depen, foi lançado o projeto “Efetivação dos Direitos das Mulheres no Sistema Penal”, que tem como objetivo primordial o atendimento às necessidades da população feminina inserida no sistema penal, por meio da implantação e fomento de ações específicas, visando a melhoria das condições de cumprimento da pena.
“O projeto se divide em quatro eixos: a realização de pesquisas, sobre o encarceramento feminino nacional; a construção e reforma de unidades prisionais femininas; o fortalecimento e ampliação de políticas de acesso aos direitos das mulheres presas; e a estruturação de rede social do encarceramento feminino, formada por entidades governamentais e não-governamentais”, explica a coordenadora da Comissão de Efetivação dos Direitos das Mulheres no Sistema Penal do Depen, Rosângela Peixoto Santa Rita.
Sensibilidade feminina ajuda a comandar
Com a mesma habilidade que cuidam da casa e de múltiplas tarefas, as mulheres também estão notando que podem usar esse jogo de cintura e equilíbrio para comandar o tráfico. A psicóloga Carmen Gaudêncio explica que a criminalidade do ‘salto alto’ acompanha o crescimento das mulheres no mundo empresarial, na política, e nos mais diversos ramos de trabalho. “Da mesma forma que a mulher hoje em dia já ocupa postos de destaque em todos os setores, ela vem crescendo também no tráfico, apesar de ainda ser coadjuvante na maioria das vezes. A diferença é que quando alguma mulher se destaca em algo, ela sempre faz um bom trabalho”, afirma. O segredo está na sensibilidade feminina. “O perfeccionismo é um ponto a favor das mulheres que são chefes. Quando a mulher toma conta de um negócio, ela pensa em todos os detalhes”.
Carmen argumenta que um dos motivos do crescimento de mulheres no tráfico é o trabalho mais intenso da segurança pública. “A polícia começou a ser mais efetiva e prender os traficantes. Com isso, as mulheres começaram a tomar conta do negócio. O que move as mulheres é o próprio sentimento que têm pelos parceiros, ou seja, elas querem agradar e não perder a relação. Mas elas também podem vislumbrar o dinheiro e a boa vida que podem lucrar com o tráfico”.
Com a mesma habilidade que cuidam da casa e de múltiplas tarefas, as mulheres também estão notando que podem usar esse jogo de cintura e equilíbrio para comandar o tráfico. A psicóloga Carmen Gaudêncio explica que a criminalidade do ‘salto alto’ acompanha o crescimento das mulheres no mundo empresarial, na política, e nos mais diversos ramos de trabalho. “Da mesma forma que a mulher hoje em dia já ocupa postos de destaque em todos os setores, ela vem crescendo também no tráfico, apesar de ainda ser coadjuvante na maioria das vezes. A diferença é que quando alguma mulher se destaca em algo, ela sempre faz um bom trabalho”, afirma. O segredo está na sensibilidade feminina. “O perfeccionismo é um ponto a favor das mulheres que são chefes. Quando a mulher toma conta de um negócio, ela pensa em todos os detalhes”.
Carmen argumenta que um dos motivos do crescimento de mulheres no tráfico é o trabalho mais intenso da segurança pública. “A polícia começou a ser mais efetiva e prender os traficantes. Com isso, as mulheres começaram a tomar conta do negócio. O que move as mulheres é o próprio sentimento que têm pelos parceiros, ou seja, elas querem agradar e não perder a relação. Mas elas também podem vislumbrar o dinheiro e a boa vida que podem lucrar com o tráfico”.
Jornal Correio da Paraíba
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