sábado, 4 de agosto de 2012

Guarabira: “O CESTO E O CENTO” por Alexandre Mocaarabira


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As práticas lesivas ao interesse público, levadas a efeito ao longo dos últimos anos em Guarabira, nos remete a uma máxima secular que não declaro agora para não perder a graça. De forma periódica, comerciantes ambulantes e estabelecidos, espalham as suas mercadorias, ao longo do calçadão da Pedro II, com o aval e apoio da prefeitura. Além de criarem embargos para pedestres já sem calçadas; de contribuir para aumentar a desordem no trânsito e para enfeiar a paisagem, instigam uma perigosa nostalgia involutiva em interesseiros e imediatistas de toda ordem, qual seja: expor como no passado compradores e vendedores à insegurança, ao desconforto, ao sol e a chuva, dando chance a lanceiros e contribuindo ainda mais para o caos que virou o centro da cidade. É no mínimo ingênuo imaginar que muitos dos que participam de tais feiras não gostariam de ir, lentamente, se inserindo na paisagem. Quando cuidássemos, teríamos dado um grande salto para o passado.

Porém o prefeito é outro. Será mesmo?  Ou será que o município está acéfalo e ninguém se apercebeu disso nos últimos tempos? Se é que é prefeito e se é novo, pelo menos no cargo, porque insiste em prática tão desgastada e criticada pela maioria da população de Guarabira? Permitir tal desordem e ainda por cima avalizar, é o mesmo que consentir, como acontece anos a fio, a instalação de parques sucatados mantidos por uma legião de nômades que constroem uma verdadeira favela no espaço mais importante e emblemático da cidade.

Sempre reconheci no atual prefeito uma vocação muito mais legislativa do que executiva e imagino ter ele recebido o cargo como um prêmio, depois de tanto tempo genuflexão* diante do clã político que lhe proporciona hoje as sobras do banquete e o risco de uma aventura.

Como prefeito talvez não tenha conseguido licença sequer para mudar uma cadeira de lugar em seu gabinete, garroteado pelos cordões que o impedem de movimentos próprios. A chance que está tendo, independente do tempo, vai sendo jogada pela janela.

Voltemos à máxima popular que ouvi, ainda criança, em uma conversa entre dois amigos do meu pai quando o primeiro  contava que flagrou um empregado seu cometendo uma falta grave, e ao que parece, era coisa recorrente. O empregador cogitava o perdão e estaria disposto a mantê-lo no emprego por compaixão diante da promessa de que aquilo não mais se repetiria, ao que foi atalhado na conversa pelo interlocutor que, de forma professoral, saiu-se com o velho adágio “Quem faz um cesto, faz um cento, basta ter cipó e tempo”



* O sentido etimológico da palavra genuflexão, vem do latim "genuflexione", oriunda de "genuflectere", que significa dobrar o joelho, ajoelhar.


P.S. Afinal ninguém merece ter tido como catequista professora Geni, que me obrigou, menino gordo, a repetir o gesto por várias vezes, até aprendê-lo. Hoje só preciso da tal genuflexão para procurar os chinelos, quando os perco debaixo da cama
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